Homens e Mulheres

Nesta semana de pausa e como prelúdio para o dia dos namorados, deixo aqui um texto sobre homens, mulheres e interesses...

Na masculinidade latina, tão bem retratada no cuspir pro chão do nosso português, vemos tantas vezes reafirmado o que eu decidi chamar de macho incobertus, isto é aquele que anda de peito pra fora (ou barriguinha de cerveja) mas em casa abaixa a bolinha!
Dentro do protótipo de masculinidade está o macho jeans justas, que fazem questão de publicar o seu material às meninas que se passeiam por ele... Quanto a este só tenho a dizer: patético!
Nestes protótipos temos ainda os macho berro alto, que acham que dominam a sua família (mulher e filhos) à custa de um bom berro e da força. Esses metem-me pena, por não perceberem que se fossem um pouco mais doces teriam mais respeito pelos outros...

Já dizia Bocage:

Não lamentes, Alcino, o teu estado,
Corno tem sido muita gente boa;
Corníssimos fidalgos tem Lisboa,
Milhões de vezes cornos têm reinado.
(...)
Tudo no mundo é sujeito à greta:
Não fiques mais, Alcino, duvidoso
Que isto de ser corno é tudo peta.

Todos estas aves raras de masculinidade não reflectem, nem por sombras, a dicotomia homem mulher (ver imagem). Nesta dança de conceitos onde é que o Amor começa e termina o Desejo? Será por essa dança de opostos que homens e mulheres se atraem mutuamente?

A este respeito, disse também bocage:

Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.

Como boa rapariga que sou, ainda acredito na primeira imagem... das serenatas envergonhadas, cantando a paixão com o olhar!