Arrumar a Vida!
Ontem à noite tive uma experiência deveras interessante!
Primeiro o jantar de Aniversário/Final de Curso de uma grande amiga minha do secundário. Estava toda a gente lá, desde amigos a familiares, celebrando aquela rapariga fenomenal.
Tudo isto foi muito bom, mas o inicio da noite começou de forma inesperada.
Primeiro perdi-me no caminho e voltei a encontrar-me... nada de diferente no normal :)
Depois andei às voltinhas p'ra conseguir estacionar (o restaurante era em Leça, junto ao Castelo)... E nessa procura, de volta de carrocel, eis que salta um miúdo, vestido como os miúdos da idade dele, vindo do passeio (não sei bem de onde)... começa a gesticular, como nós bem conhecemos, "à arrumador de carros".
Eu estranhei e logo decidi estacionar ali com ele, p'ra poder dar dois dedos de conversa.
Parei o carro, perguntei se ali não haveria problemas com a policia (dado o meu historial de multas) e perguntei-lhe que idade tinha:
- Doze, mas estou quase a fazer treze! - Como se o Aniversário justificasse estar ali na rua a fazer coisa de adultos sem rumo na vida.
E continuei:
- Então, andas na escola?
- Claro - Ele reparou no meu olhar intrigado, enquanto remexia no porta moedas, e respondeu-me prontamente: - Isto é pra pagar os livros pra escola (fazendo uma carinha humilde, que dissuadia os mais desatentos).
Eu como não fui na conversa, comecei a rir, e ele logo corrigiu:
- Ah, não. É pra ir comprar um gelado. Eu gosto, só hoje já comi dois!
Gelados, ou seja lá o que ele iria comprar, partilhados com certeza, com os outros meia dúzia de colegas, da mesma idade, que se encontravam no passeio, brincando enquanto esperavam do próximo carro
- Está bem, pega lá pro gelado. E toma juizo.
Eu sei que fui moralista de mais e pouco prática nas acções, mas na verdade fiquei sem reacção.
Um arrumador de carros, de 12 anos, mesmo ao lado do restaurante em que homens da banca e estadistas festejavam o aniversário da filha.
É irónico e sobretudo inquietante.
Não será por estes que a nossa missão deve cuidar?
Não serão estes os adolescentes a quem devemos ensinar que é possível, ao invés daqueles que têm uma casa e vida confortável?
Não sei, não...
Mas esta situação fez-me pensar mais do que agir,
o que de certa forma me fez sentir inútil!
Primeiro o jantar de Aniversário/Final de Curso de uma grande amiga minha do secundário. Estava toda a gente lá, desde amigos a familiares, celebrando aquela rapariga fenomenal.
Tudo isto foi muito bom, mas o inicio da noite começou de forma inesperada.
Primeiro perdi-me no caminho e voltei a encontrar-me... nada de diferente no normal :)
Depois andei às voltinhas p'ra conseguir estacionar (o restaurante era em Leça, junto ao Castelo)... E nessa procura, de volta de carrocel, eis que salta um miúdo, vestido como os miúdos da idade dele, vindo do passeio (não sei bem de onde)... começa a gesticular, como nós bem conhecemos, "à arrumador de carros".
Eu estranhei e logo decidi estacionar ali com ele, p'ra poder dar dois dedos de conversa.
Parei o carro, perguntei se ali não haveria problemas com a policia (dado o meu historial de multas) e perguntei-lhe que idade tinha:
- Doze, mas estou quase a fazer treze! - Como se o Aniversário justificasse estar ali na rua a fazer coisa de adultos sem rumo na vida.
E continuei:
- Então, andas na escola?
- Claro - Ele reparou no meu olhar intrigado, enquanto remexia no porta moedas, e respondeu-me prontamente: - Isto é pra pagar os livros pra escola (fazendo uma carinha humilde, que dissuadia os mais desatentos).
Eu como não fui na conversa, comecei a rir, e ele logo corrigiu:
- Ah, não. É pra ir comprar um gelado. Eu gosto, só hoje já comi dois!
Gelados, ou seja lá o que ele iria comprar, partilhados com certeza, com os outros meia dúzia de colegas, da mesma idade, que se encontravam no passeio, brincando enquanto esperavam do próximo carro
- Está bem, pega lá pro gelado. E toma juizo.
Eu sei que fui moralista de mais e pouco prática nas acções, mas na verdade fiquei sem reacção.
Um arrumador de carros, de 12 anos, mesmo ao lado do restaurante em que homens da banca e estadistas festejavam o aniversário da filha.
É irónico e sobretudo inquietante.
Não será por estes que a nossa missão deve cuidar?
Não serão estes os adolescentes a quem devemos ensinar que é possível, ao invés daqueles que têm uma casa e vida confortável?
Não sei, não...
Mas esta situação fez-me pensar mais do que agir,
o que de certa forma me fez sentir inútil!
Comentários
Um miúdo (praí com 10 anos) veio-me pedir uma moeda e eu perguntei:
- Para quê? (eu só tinha 10 cents e duas notas de 5€.)
- Para comer - disse ele.
- Então anda comigo ao café que eu pago-te o lanche.
Ele não quis vir e, logo a seguir, alguém chamou por ele. Percebi que estava "vigiado".
Chama-se Joel, salvo erro.
Depois ele viu que eu ia a mascar chiclet e pediu:
- Arranjas-me uma "chicla"?
Obviamente que não recusei. Mas preferia ter tido a possibilidade de lhe ter pago o lanche e de ser eu a perguntar-lhe o nome...
Em relação ao miúdo de ontem em Leça, de certeza que o gelado lhe soube bem... e isso tornou-se no mais importante!
Eu acho que o "teu gelado" e a "minha chicla" foram testemunho...
beijo